2007-02-26

À Descoberta de Aboim - PR em Fafe - 17 de Março

" À Descoberta de Aboim"
Relato da Caminhada em Aboim – 17 de Março 2007


Por volta das 10h30m reuniram-se os 34 forasteiros na povoação de Aboim, sita no concelho deFafe. Desta feita o grupo de forasteiros era numeroso e abrangia um vasto leque de faixas etárias. O mais pequeno contava com 7 meses de idade e, o ancião do grupo, com uns 69 anos plenos de energia e boa forma física, que faziam inveja a muitos, bem mais jovens.
Chegados começaram a invadir o café da povoação pedindo coisas tão estranhas quanto “pão com fiambre”! Que estranha gente esta, pensariam os proprietários do dito, que não se pouparam em esforços para satisfazer os hábitos matinais destes citadinos. Os residentes ainda incluirão nos hábitos matinais o “mata-bicho” e as “sopas de cavalo cansado”, os “Redbull” dos tempos antigos. O trabalho braçal requer força e aqui a transmissão intergeracional dos hábitos sócio-culturais ainda conserva muito do que era em tempos idos, apesar das aculturações consequentes do dito desenvolvimento.
Num dia abraçado pela luz e calor do astro-rei, que logo cedo se fez sentir no Porto, tornando obrigatório vestuário fresco, chegados a Aboim sentimos a razão que esteve na génese da implantação de um parque eólico na zona. O vento fazia-se sentir intensamente e com ele a brisa fresca que reclamava agasalhos, que muitos haviam dispensado.
Seguindo caminho por entre planaltos, mais ou menos acentuados, os caminheiros foram aquecendo os corpos e agradecendo a brisa refrescante, à medida da contemplação da paisagem, imponente de beleza.
Uns procuravam as mamoas algures perdidas na vastidão da paisagem, enquanto todos, certamente, encontravam tudo aquilo que procuravam… um dia reenergizante!
Exigia-se já uma breve paragem para reposição de calorias, eis então que assentamos, por breves instantes, numa pequena povoação algures por entre vales e planaltos. Confrontámo-nos, como esperado, com a realidade do êxodo rural, a maioria das casas estava abandonada, muitas delas em ruínas, pelo que ouvimos dizer apenas ousaram lá ficar três habitantes.
Uma vez mais a beleza aconteceu-nos, presenteando-nos com uma vista fabulosa sobre a barragem do Ermal e as serras do Marão e Gerês. Uma dádiva para o olhar, cansado do quotidiano betão e das fileiras de trânsito intermináveis. Exaustos de ver o tempo passar por nós, aqui sentimos que passamos pelo tempo, saboreando-o no tempo que o tempo efectivamente tem!
O repasto chegou por volta das 13h, quando já todos reclamavam em nome dos estômagos vazios. As almas, essas, estavam já repletas e ainda muito se adivinhava.
Os cansados e esfomeados caminheiros lá se foram agrupando em pequenos núcleos, consoante as proximidades relacionais e, comunitariamente, houve ainda espaço para a troca das especialidades culinárias de cada qual. Ofertava-se a bola de carne confeccionada ainda naquele dia logo pela manhã, o pão caseiro e, até o bolo de iogurte e ananás da minha mãe, que fez as delícias de alguns, a avaliar pelos elogios à iguaria e aos pedidos da receita.
Terminado o repasto era hora de continuar a marcha. A caminhada apresentava dificuldade variável, exigindo mais ou menos esforço físico dos caminheiros que, maioritariamente, lhe estavam capazes de responder. Algum cansaço físico era suplantado pelo prazer da fruição da paisagem e pelo escutar da banda sonora dos múltiplos ribeiros de água que serpenteavam por entre as pedras, do chilrear dos pássaros e do mugir das vacas e bois nos imensos e reluzentes prados verdejantes.
Parece mesmo que a liberdade não só passou por aqui como por aqui continua!
Os locais conservam, entre muitas outras coisas das quais os citadinos há muito se despojaram, a enorme afabilidade e a capacidade de dar, incluindo dar o que a terra oferta, e assim foi com as couves viçosas. A Maria José contemplava as ditas couves e, num fechar de olhos e abrir de coração, já as tinha no braçado como presente da terra, desses a que jamais é possível responder
não.
Talvez fossem a moeda de troca pelo prazer de lhes dar a ver gente, sim dessa gente que foge destes locais para as grandes cidades, tornando ainda realidade o êxodo rural num país pequeno mas de grandes assimetrias no que respeita aquilo a que apelidam de desenvolvimento.
Sim, parece-me que é deste mesmo dito desenvolvimento que estes forasteiros fogem de quando em vez, para recuperar outras tantas coisas que o mesmo aniquila. O ser humano é mesmo idiossincrático!

Cláudia Ferreira

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Imagem e texto adaptados dos Restauradores da Granja

Saia de casa. Venha passear connosco e experimentar por si o poder curador da natureza! O próximo programa de ecoturismo é já no dia 17 de Março: iremos partir à descoberta da paisagem e da cultura de Aboim. Trata-se de uma tradicional povoação de montanha no Concelho de Fafe, um autêntico miradouro para as serras da Cabreira, do Marão, do Gerês, para a Albufeira do Ermal e para o vale da ribeira de Linhares. Calçe as botas e venha daí!



  • Partida e Chegada : Igreja de Aboim ( Fafe) - 10 horas da manhã.
  • Âmbito: Cultural, ambiental, paisagístico e histórico
  • Distância a percorrer : 15 km
  • Duração do percurso: 5 horas
  • Nível de dificuldade: médio
  • Almoço no campo dia 17 da responsabilidade do participante
  • Em Fafe procurar a EM 614 em direcção a Aboim ( 17km , 25 min)
  • Custos: A organização agradece a contribuição de 5 euros por pessoa (facultativo) para cobrir despesas.
  • Seguro pessoal e transporte da responsabilidade do participante.

A não esquecer:

- Calçado robusto e confortável
- Chapéu de sol e protector solar ( se necessário)
- Vestuário prático e muda de roupa
- Água e piquenique leve (para sábado dia 17)
- Agasalho quente para o final da tarde
- Mochila pequena
- Impermeável em caso de chuva
- Binóculos e guias de campo
- Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à actividade em curso
- Fechar cancelas e portelos
- Respeitar a propriedade privada


Amigos do Mindelo

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