2006-12-23

Feliz Natal e Bom Ano Novo

São os votos da nossa Associação para todos os participantes e amigos.

Ricardo Teixeira

2006-12-08

O ANO 2006 - Ecoturismo



29 de Outubro - Percurso Pedestre Histórico no Porto
Barroco…Maneirismo…Gótico…Românico…Cá estamos nós no terreiro da vetusta Sé do Porto.
São dez horas da manhã, de um Domingo que promete ser muito quente para estes finais de Outubro.
Ainda o dia se vai lançando, e já bastantes pessoas vagueiam aqui pela SÉ e seus apêndices históricos.
Um denso grupo de turistas aproxima-se. Enquadrando um animado conjunto folclórico, este grupo irá cruzar-se de novo connosco no nosso périplo matinal.
Somos um pequeno grupo atento à cultura, e disposto à fruição da natureza e ao convívio saudável.
Iniciámos a visita contemplando um marco paradigmático da cidade do Porto, a sua catedral, focando a atenção nas constantes alterações que o monumento foi sofrendo ora no interior, ora no exterior do mesmo.
Após digressão pelo interior da catedral, escutando considerações de ordem formal e histórica sobre esta quase milenar construção, o guia-cronista sugeriu que o grupo contornasse o edifício da Sé para poder observar marcos históricos adjacentes ao corpo da Sé Catedral.
Fomos entrando na rua de D. Hugo que percorremos contornando o majestoso edifício barroco do Paço Episcopal e, progredindo pela rua das Aldas e de Penaventosa, inflectimos para a jesuítica e monumental igreja dos Grilos, que inopinadamente se encontrava fechada.
A manhã ía avançando, e tínhamos de continuar esta viagem cultural.
Descendo pela rua de Santana, onde contemplámos um velho nicho religioso, atingimos a rua da Bainharia, donde derivámos para a rua dos Mercadores. Aqui, em função da estreiteza da rua, foi forçoso levantar bem as cabeças, a fim de que a vista pudesse percorrer totalmente as fachadas, num movimento vertical até atingir a cornija dos edifícios.
Cornijas… mísulas.. gárgulas…balcões…balaústres…platibandas, apelavam à atenção do nosso olhar.
Estamos nesta altura na rua do Infante, apreciando a setecentista Feitoria Inglesa, o lar dos ingleses do Porto, um dos ícones da chamada arquitectura do vinho do Porto.
Enquanto contemplávamos a monumental igreja de S. Francisco, de novo cruzámos com o grupo folclórico anteriormente referido.
… Aproximava-se a hora da visita ao interior do Palácio da Bolsa. Havia ainda tempo para ,na Praça do Infante, tecer algumas considerações sobre as construções locais: o conjunto escultórico de bronze e calcário alusivo ao icónico Infante D. Henrique do escultor João Tomás, o mercado Ferreira Borges, o Instituto do vinho do Porto, para além dos já supra citados Palácio da Bolsa e igreja de S. Francisco.
Após a digressão pelos vários espaços e salas da Bolsa com destaque para
o prodigioso Salão Árabe, o grupo desceu a caminho da Ribeira, detendo-se ainda defronte da Casa do Infante D. Henrique, primitiva alfândega do Porto, e onde se presume tenha nascido este insigne filho de D. João I.
Descendo mais um pouco, eis-nos junto do rio Douro. O calor era intenso, a manhã já lá ía, o apetite insinuava-se.
Estamos agora junto ao baixo-relêvo do escultor Teixeira Lopes, invocação do desastre da Ponte das Barcas, ocorrido durante as invasões francesas, em que os populares acossados pelas tropas do general Junot, se precipitaram nas águas do rio, após a ruptura da mesma.
A digressão cultural chegava ao fim.
Percorremos ainda o tabuleiro inferior da ponte Luís I, obra do engenheiro francês Seyrig, discípulo de Eiffel e, caminhando agora na margem esquerda do Douro…acabámos enfim por nos instalar num moderno e amplo restaurante com panorâmica implantação, de onde se contempla a bela paisagem marginal.
Aqui nos preparámos para almoçar e, em salutar convívio, fomos restaurando as nossas forças e boa disposição que são apanágio de uma entidade que se preza como são «Os amigos do Mindelo».
José Alberto Oliveira
Ponto de encontro : 10 am na Sé Catedral do Porto
Visita à Sé do Porto e resíduos históricos locais.
Igreja dos Grilos e Rua de Sant´Ana.
Descida à Praça do Infante.
Visita à Igreja de São Francisco, Palácio da Bolsa, Mercado Ferreira Borges, Casa do Infante e Feitoria Inglesa.
Desceremos de seguida ao local do desastre da Ponte das Barcas.
Continuaremos pela Ponte Luís I para o cais de Gaia, onde almoçaremos.Custos previstos para possiveis visitas: Palácio da Bolsa: 5€ ; Igreja de S. Francisco 3€.

Almoço e deslocação por conta do participante .

ecoturismo@amigosdomindelo.pt

___________________________________________________________

Serra de Montemuro - Novembro de 2006




Serra de Montemuro:


" Avançavam cautelosamente por um terreno alagadiço e mole, coberto de erva muidinha, e onde fartas poças de lodo armavam não raro ao viajante traiçoeiras armadilhas. Era o dorso da Gralheira. (...) ... de vales e corcovas até junto à bacia estreita do Douro, de cujos aprumados contrafortes se avistavam as cristas majestosas, e para além da qual se alteava ainda, azulada e indecisa, a serra do Marão. (...) . Com efeito, toda a vasta serrania que de Bustelo se dilata para leste a Montemuro, à Gralheira e a Feirão, de ordinário tão tristonha e despovoada, a ponto de se percorrem nela 18 a 20 quilómetros sem que se encontre o mínimo vestígio de habitação humana, veste invariavelmente durante uma pequena quadra do ano um aspecto animado e deveras acolhedor."
in Mulheres da Beira, Abel Botelho, 1896

Sábado 18 de Novembro de 2006



  • Ponto de encontro: 10 am em frente à Câmara Municipal de Resende
  • Levar pic-nic para o almoço de sábado, 18 de Novembro
  • Percurso pedestre de 10km na Serra de Montemuro, circundando a bela Lagoa de D. João
  • Aldeias circundantes de Talhada, Cotelo e Panchorra.
  • Ponte romana da Panchorra
  • Vias Romanas que atravessavam o Douro para sul vindas de Porto Antigo e Caldas de Aregos
  • Calçada romana em Resende, na descida para a aldeia de Cotelo, Castro Daire.
  • Visita à aldeia de Cotelo e vista panorâmica da veiga e rio Balsemão
  • Visita à nascente do rio Taquinho
  • Jantar e dormida em Caldas de Aregos


Domingo 19 de Novembro de 2006



  • Visita à aldeia de Mazes
  • Visita à aldeia de Antas e Sabugueiro ( conjunto de 50 habitações rústicas abandonadas com telhados em colmo)
  • Visita às ruínas da casa do explorador Português Serpa Pinto, em Boassas Cinfães.
  • Almoço regional na Restaurante Castanheiros na Gralheira.

Custos: contactar mais informações

Ricardo : ecoturismo@amigosdomindelo.pt – tm. 934201516

Levar pic-nic para o almoço de sábado, 18 de Novembro

Contacte para saber das possibilidades de oferecer ou “apanhar boleia” a partir de Vila do Conde ou outros locais.

A não esquecer:

- Calçado robusto e confortável
- Chapéu de sol e protector solar
- Vestuário prático e muda de roupa
- Água e piquenique leve (para sábado)
- Agasalho quente para o final da tarde
- Mochila pequena
- Impermeável em caso de chuva
- Binóculos e guias de campo
- Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à actividade em curso
- Fechar cancelas e portelos
- Respeitar a propriedade privada

________________________________________________________________________________
5-6-7-8 de Outubro de 2006

Objectivo: exploração da biodiversidade do Parque
Inscrições limitadas

www.amigosdomindelo.pt
____________________________________________________________________________________
Brama dos Veados








A Dimensão do Silêncio

Já se avista ao longe as pequenas casas de pedra. Pequenas, muito pequenas, se calhar demasiado pequenas, mas acolhedoras. Será porque já fumegam as chaminés? As pedras que as desenham são de um negro bizarro, não se sabe se do tempo, se de origem.
Chegamos à aldeia. Montesinho é o seu nome, informa-nos uma placa à chegada. Nela habita gente de lentos, mas metódicos gestos, como se observa pelo seu suave despertar.
Contudo, a manhã acordou fria e os olhos de infinitas e contidas histórias olham pelas vidraças. Já se ouviu o galo cantar e o cão dá também os seus primeiros latidos.
O forte cheiro do café invade todo o ar. Ah, que bem nos sentimos! O pão, ainda quente, e os frescos doces de frutos da região fazem as delícias da manhã.
A chuva miudinha faz a sua aparição, mas não assusta o grupo de aventureiros. É uma leve caricia e com ela partimos em busca de paisagens e novos odores.
Ao embalo do suave caminhar a conversa discorre solta e quase inconsciente. Provam-se as amoras, as nozes e as verdes uvas. Nem as pequenas maças, de rosto ainda infantil, escapam ao nosso estasiado olhar.
Os binóculos sequestram e oferecem-nos as longinquas paisagens. O “Percurso da Brama” decorreu durante a tarde de Sábado. Conduzido pela Associação Montesinho Vivo, o grupo partiu atento e em silêncio, pois o menor ruído pode afugentar a espécie protegida que nos levou aquelas paragens, o veado. A caminhada começou pelos trilhos do Rio de Onor e prosseguiu em direcção à observação de veados. O bramar dos veados ouve-se intensamente, anunciando o período de acasalamento. Os machos, que se distinguem pelas suas imponentes hastes, entoam fortes bramidos, tentando “cativar” as fêmeas. Por vezes, há disputa pelas fêmeas. Ao longe três grifos (gyps fulvus) de espectacular dimensão, parecem “gigantes”. A tranquilidade é imensa. Será esta a dimensão do silêncio?

Paula Duarte e Camilo Gonçalves







A Dimensão do Silêncio




Ponto de encontro: a partir das 21.00 nas casa de Turismo rural. Situam-se no Parque Natural de Montesinho, na aldeia de Gondesende na margem esquerda do Rio Baceiro, a cerca de 12 Km de Bragança na EN 103 (sentido Bragança - Vinhais).




- Fim de semana em Montesinho com dormida e pequeno almoço para 2 noites em Turismo Rural
- Observação de veados ao final do dia com guia especializado
- Jantar gastronómico na aldeia do Rabal
- Almoço no Parque de Campismo de Cepo Verde
- Percurso pedestre no Parque Natural de Montesinho
- Visita à aldeia de Rio de Onor

Inscrições fechadas

ecoturismo@amigosdomindelo.pt
934201516



OUTRAS NOTAS IMPORTANTES:
- No local de observação os participantes deverão permanecer em silêncio;
- Aconselha-se o uso de binóculos (a associação disponibiliza apenas dois pares);
- Aconselha-se o uso de calçado confortável e roupa adequada para a estação;
- Não usar calções e levar agasalhos para o final da tarde e noite;
- Não se esqueça de trazer máquina fotográfica;
- A data da actividade poderá ser alterada devido a motivos ou circunstâncias imprevisíveis graves;


“RESPEITE O PARQUE, SEJA AMIGO DA NATUREZA”
Lema da Associação Montesinho Vivo

Actividade organizada em parceria com:



________________________________________________________________________________
Donana, 17 de Agosto de 2006




Lista de aves observadas :

  1. Cegonhas - mts
  2. Cotovias - mts
  3. Tartaranhão caçador - macho adulto + juvenil
  4. Garça-real - várias
  5. Garça branca pequena - mts
  6. Alvéola branca - vários e juvenis
  7. Francelho - macho e fêmea vários e na colónia
  8. Colhereiros - vários
  9. Rola brava - 1 juvenil
  10. Águia Cobreira - 1 juvenil
  11. Picanços comuns - 3
  12. Pato ferruginoso - 2
  13. Ganso Comum - 1
  14. Corvo - 2
  15. Perna vermelha - vários
  16. Abibe Comum - 10
  17. Águia Calçada - 1
  18. Pilritos de peito preto - vários
  19. Pilrito pequeno - muitos
  20. Pilrito de bico comprido - vários
  21. Maçarico de bico direito - vários
  22. Milhafre preto - 2
  23. Tagaz - 1
  24. Gaivina dos Pauis - 3
  25. Seixoeira - 20
  26. Ibis preta - + 60
  27. Papa-ratos - 1
  28. Flamingos - mts
  29. Goraz - mts
  30. Garça boieira - mts
  31. Pombo Torcaz - vários
  32. Estorninhos - vários
  33. Rouxinol bravo - 1
  34. Abelharucos - mts
  35. Pega-azul - 1
  36. Coruja das torres - 1
  37. Galeirão comum - mts
  38. Zarro Comum - 1
  39. Pato de bico vermelho - 1
  40. Mergulhão de crista - 1
  41. Milhafre real - 1
  42. Felosa poliglota - 1
  43. Gaivina de bico vermelho - 1
  44. Gaivina de bico preto - 1
  45. Ganga ( cortiçol de barriga branca) - 2

Material óptico:

  • Leica Televid 77
  • Zhumell 20x80 binocular
  • Olympus 10x40 binocular
  • Olympus 10x21 binocular

As observações foram realizadas durante todo o dia em vários locais do parque natural de Donana.
_____________________________________________________________________________________

Açores 2006








Chegamos a S. Miguel no dia 28 de Julho ao princípio da tarde e, mesmo sem desfazer as malas, partimos a explorar os cantos da Ponta Delgada.
No dia seguinte bem cedo, alugamos um carro, do qual já nos separaríamos nos 6 dias seguintes, e partimos a explorar a ilha. S. Miguel é uma ilha curiosa. De uma beleza vulcânica exótica e exuberante, a paisagem é continuamente colorida por bananais, inhames, plantações de ananás, palmeiras de várias espécies, fetos arbóreos, jarrotes, labaredas e as muitas e belas afamadas hortênsias que dividem todo e qualquer pedaço de terra. Um pouco por todo o lado descobrem-se recantos misteriosos e incrivelmente belos como o parque florestal da Caldeira Velha ou a enigmática Lagoa do Fogo. De vez em quando, por entre altas veredas íngremes, no cimo de uma montanha, disfarçado num vale ou no mar, algum fenómeno geológico vulcânico que nos lembra estarmos numa ilha viva, cuja terra palpita debaixo de nós.
Á noite, tal como todos os habitantes, permanentes ou temporários da ilha, passeávamo-nos languidamente no calçadão. À semelhança dos dias, também as noites são quentes e húmidas, o que torna as passeatas nocturnas particularmente agradáveis e relaxantes. Todos os dias há barcos que partem e chegam: cargueiros, fragatas da marinha de guerra, grandes iates, oriundos dos lugares mais longínquos e inimagináveis, que deveriam estar num museu (como é que alguém atravessa o oceano neles?!).
Após S. Miguel, seguiu-se S. Jorge, ilha surpreendente, onde passamos 4 dias. É completamente diferente de S. Miguel: é uma ilha alta e abrupta, sem praias, mas, nas suas fajãs (dos Cubres, do Santo Cristo, de João Dias), há pequenas e límpidas lagoas. Não é uma ilha muito humanizada e as suas parcas terrinhas são típicas e encantadoras: Urzelina, Manadas, Calheta e a lindíssima Topo com, o seu farol, o seu ilhéu e a vista para a Terceira. S. Jorge lembra-me paisagens longínquas que apenas conheci em documentários televisivos. É uma boa ilha para percursos pedestres e a maioria dos poucos turistas que se aventuram na ilha, vão com esse propósito.
Percorremos estas duas ilhas, meticulosamente, procurando sempre andar afastados dos circuitos onde o turismo não chega (e ainda bem, porque só assim estes lugares conseguem preservar a sua beleza, que o homem tudo estraga). Ao fim da tarde, pela fresca, tínhamos sempre um percurso pedestre de cerca de meia dúzia de km. Desses passeios, recordo com especial destaque: a Caldeira Velha, as lagoas termais maritimas da Ferraria, a majestosa e abrupta cascata de Lombadas, a viagem ao entardecer pela espantosa Serra da Tronqueira e os encantadores priôlos, a plantação de chá da Gorreana, e o delicioso chá fresco que aí bebemos, a aldeia piscatória em cujas lagoas tomamos banho e onde comemos o frango a 5 €, a selva amazónica da lagoa do congro, o parque de Achadinha, tão encantador… Em S. Jorge é muito difícil dizer o que recordarei com mais ternura, pois adorei toda a ilha de uma maneira geral. Talvez o que mais gostei tenha sido o sentir-me parte da população local. Após o segundo dia, já conhecíamos várias pessoas e sabíamos quem eram outras tantas; ouvimos histórias de vidas difíceis, gente que não se conforma com o destino e parte para “fazer a América”.
Quanto aos percursos pedestres, alguns, pela sua beleza e agradabilidade, ficarão na memória: o percurso pela cumeada das 7 Cidades, sempre com uma vista fabulosa para o mar e para a lagoa; o percurso à volta da Lagoa da Furnas, abrangendo grande variedade de ecossistemas, desde a densa floresta laurissilva, a mata de bambu, depois pastagens verdes, sempre com a lagoa como pano de fundo; o da incrível e inesquecível Lagoa do Fogo, onde o azul da água contrasta com o verde intenso das vertentes íngremes e acidentadas envolvidas na bruma que nos reportam para paisagens das ilhas dos mares do sul e, claro o da descida que fizemos em S. Jorge desde o topo da ilha até à fajã dos Cubres. Nove km de descida abrupta e sinuosa, sempre a ver o mar e a Graciosa, por uma vertente ora coberta de hortênsias, ora de urze arbórea, ora de densa floresta laurissilva. Em S. Jorge valeu ainda a viagem de barco, em dia de festa e com direito a brinde de golfinhos, até ao Pico onde fomos tentar ver baleias. Não as vimos, mas vimos várias espécies de golfinhos, alguns mesmo muito simpáticos e visitamos o interessante, do ponto de vista histórico, museu dos baleeiros.
Os nossos onze dias nos Açores foram uma vida que, do tanto que fizemos e vimos, passou demasiado fugazmente. À noite, quando fecho os olhos, ainda tenho nas pálpebras fileiras de hortênsias a ornamentar caminhos; altas, verdes pradarias, ponteadas de vacas que terminam em escarpas monumentais que se despenham no mar; lagoas e lagoinhas terrestres ou marítimas, de águas cristalinas, povoadas de peixinhos de mil formas, aldeias brancas, rurais e gente simples e sã que sorri à nossa passagem, desejosa de comunicar connosco de alguma forma e, no fim de tudo, um nunca mais acabar de mar cristalino, turquesa, que traz murmúrios de esperança e de tragédia.

Sofia Salgado













_____________________________________________________________________________________
….há dias que classificamos de “bem passados” e depois há outros, que nos surpreendem e que nos relembram o óbvio: as coisas mais simples da vida são as que mais importam….

….estes dias começam usualmente cedo, e este não foi excepção. Para a próxima prometo que também irei de véspera… e que ficarei para o dia seguinte!

Para quem não conhece, recomendo fazer os últimos kms do trajecto Porto-Baiona pela costa, mesmo junto ao Atlântico, começando em La Guardia. E, claro está, a horas indecentes, ao início do dia, quando o Sol ainda só mostra o Mar, e a costa ainda está na sombra da montanha. Ou ao fim da dia, quando o Sol tudo inunda. E para quem já conhece…por que não repetir?
Desta vez, passei por lá já as sombras estavam pequenas e o Sol ia alto.

O rendez-vous estava marcado para as dez da manhã no Porto de Pesca de Baiona, e assim aconteceu. No início estava apenas o Ricardo, mas logo depois, um a um, o grupo lá se foi formando e comprando os necessários bilhetes. Algumas caras conhecidas misturaram-se com bastantes caras novas, mas isso é mesmo assim para os “pára-quedistas”, como era o meu caso!

O barco zarpou à hora anunciada - 10:45. A brisa, a maresia, e a luz anunciavam um dia promissor. E lá nos fomos arrumando de acordo com os lugares disponíveis. Houve quem preferisse ficar junto à ré, no primeiro deck, mas o desafio estava no segundo deck….o barco chocalhava mais, o vento não tinha barreiras…e de vez em quando até éramos brindados com alguns salpicos…..ou então não! E a única motivação para até aí ter trepado era apenas o facto de ser último sítio onde ainda haviam lugares vagos! 

A viagem não deve ter demorado uns 35-40 min, mas juro que pareceram apenas 15 ou 20.

OK!! E já chegámos à ilha…iupi!!! Mar.... Sol….praia…e…cheiro a protector solar! Já em terra e à saída do embarcadouro, cerramos novamente fileiras, e a voz de comando gritou: Direita, volver!!

E assim começou a nosso deambular pela Ilha!

O percurso fez-se por entre uma flora conhecida, eucalipto. Mas haviam outras coisas menos familiares, como águias e gaivotas. As últimas perseguiam insistentemente as primeiras em voos frenéticos. Seria competição pelo habitat, pelo alimento, nunca o saberemos. Mais à frente, alguém deu conta de uma vespa empoleirada num gafanhoto. Este foi o “momento discovery” do dia, pois logo a seguir vimos a mesma vespa arrastar o mesmo gafanhoto para dentro de uma toca. Diz quem sabe, que o bicho saltitante iria servir de alimento para a prole da vespa.

Mais à frente, e pela primeira vez, vi crias de gaivota….devo dizer que não sinto que tenha perdido algo de muito importante é que as criaturas não devem nada à beleza…mas o mito está desfeito. Afinal elas não vêm de Paris envoltas numa fralda e transportadas por uma prima cegonha.

Nesta altura estávamos num estremo da Ilha num local de nidificação….e não era por acaso que algumas gaivotas mais incomodadas nos cumprimentavam com voos rasantes.

Bem, chegados a ponta da ilha e na falta de opções, volta-se para trás e procura-se um sítio para o almoço….e foi preciso andar pouco até alguém decidir descer para a praia.

A areia escaldava, o Sol estava a pino….consequência lógica….há que ir a banhos. E uns mais afoitos que outros – porque a água não estava tão convidativa quanto isso – lá fomos em busca de sensações mais frescas….e quem isso procurava isso encontrou….a água estava mesmo fria.

Para almoçar escolhemos recolher para um local com sombra, no início do areal onde ainda eram visíveis as “cicatrizes” deixadas pelo Prestige.

Deixamos a praia em direcção ao outro extremo da ilha. Fazendo umas contas rápidas decidimos que ainda tínhamos tempo suficiente para alcançar o farol. E em passo mais ou menos rápido dirigimo-nos para lá. Lá do alto vimos uma parte considerável da ilha assim bem como a ilha vizinha….

E agora era necessário regressar. Descemos ainda mais depressa e em passo rápido chegámos ao porto.

No molhe as pessoas acotovelavam-se, queriam ir embora, mas porquê?! Porquê deixar a ilha? Porquê?

Fernando Pereira - Vila do Conde























8 de Julho de 2006


. Visita às Islas Cies, com saída de barco de Baiona às 10am, hora espanhola (9 am Portuguesa)( 8/7/06)
. Percurso pedestre na ilha, explorando a sua beleza e biodiversidade

. Observação de aves (Birdwatching)

. Saída da ilha no barco das 7.30pm

. Almoço leve para sábado.

. 8pm regresso a Portugal ou pernoita em Baiona.( Sugestão: Camping Baiona Playa)

. A ilha dispõem de restaurante, bar e supermercado.

. Itinerário sugerido Vila do Conde-Baiona: A28 até Viana do Castelo, depois A27 até Ponte de Lima e em Seguida A3 (pago) até Valença tomando a A55 até perto de Vigo e depois a A57 (pago) até Baiona.

. Ponto de encontro :Naviera Mar de Ons, Paseo Maritimo s/n , Puerto Pesquero Baiona às 10am (hora espanhola) ou 9am (hora Portuguesa)


email: ecoturismo@amigosdomindelo.pt
tel.: 934201516

Normas do Parque:

? Acampar fuera de las instalaciones autorizadas.
? Encender cualquier tipo de fuego , hoguera o similar.
? Permanecer o transitar con animales domésticos.
? Tirar o depositar cualquier tipo de basura fuera de los lugares adecuados para tal fin.
? Matar, capturar, molestar o herir a los animales silvestres.
? Arrancar, cortar o maltratar la vegetación.
? Acceder a la reserva de aves marinas, señalizada.
? Practicar pesca submarina.
? Mariscar o realizar cualquier actividad extractiva en el litoral de las islas, el lago y primeros 100 m. de franja marítima de protección del parque, hacia el mar (exceptuándose autorizaciones expresas o actividades profesionales).
? Permanecer o transitar con armas, arpones, fusiles submarinos u otros utensilios similares.
? Instalar pancartas o anuncios publicitarios.
? Utilizar megafonía, ruidos o volúmenes de sonido que puedan alterar la tranquilidad natural del lugar.
? Número máximo de visitantes diarios, 2200. Los grupos de más de 10 personas, que accedan por medios privados, necesitarán autorización previa.

Mais informações sobre a ilha : Wikipédia


_____________________________________________________________________________________
Aventura Rio Sabor
Ingredientes:
Carro
Mochila e afins
Casa do Pinelas
Amigos do Mindelo, não dispensando, Ricardo, Sofia, Pedro, Beta, Carla, Cláudia, Paula, Filipe, Camilo, Henrique… q.b.
Boa disposição
Sorriso
Hospitalidade
Tractor
Preparação:
Comece a juntar todos os ingredientes no sentido à casa do Pinelas, em Limãos, Macedo de Cavaleiros. Aguarde que todos os ingredientes se junte, se equipem e com a boa disposição, sorriso pela aventura, comece a caminhar pelo Rio Sabor, tudo q.b.

Depois de um dia bem suado e molhado por banhos de rio, volte a juntar todos os ingredientes e refresque-os na piscina, não se esqueça de desfrutar a magnifica paisagem envolvente, respire o ar puro e aproveite a extraordinária hospitalidade dos “Pinelas”. Enquanto uns ingredientes continuaram a desfrutar da piscina e de um merecido momento de relaxamento, outros fizeram uma viagem pela barragem do Azibo, vistas fantásticas, natureza singular acompanhado com um luz de sol de final de tarde muito agradável. Não podia deixar de ser, o merecido banho na barragem.

Volte a juntar todos os ingredientes e goze de um bom momento de convívio, de gargalhada acompanhado por uma entrada deliciosa, onde uma vegetariana não resistiu a uma deliciosa alheira transmontana, que ante vinha o magnifico jantar, regado por muito vinho, boa disposição e brindes sucessivos.

Aproveite o momento inesperado da festa popular na Lagoa, dance, cante, pule, enfim desopile, liberte-se, sinta-se livre, tranquilo.

Por fim, deixe repousar todos os ingredientes por umas horas.

Retome todos os ingredientes e com os sobreviventes volta-se à aventura. Aproveite a boleia de um tractor com bancos improvisados, mas muito macios, de palha. Sinta o ar puro, o horizonte… Mais uma vez vai sentir os ingredientes suados e alguns molhados pelo rio Azibo e com alguns sacrifícios pelo meio, na qual com cooperação de todos, tudo correu bem.

De novo na casa, refresque-se na piscina e mais uma vez um óptimo almoço, regado também com vinho mas agora com cuidado, pois o regresso anuncia-se.

Com a saudade já presente, agradece-se a excelente hospitalidade, a extraordinária atenção que nos deram, pois sempre nos fizeram sentir amigos, de longa data, nunca uns hóspedes! Daqui e em nome de todos o nosso muito obrigado!


Por fim desenforme-se do fim-de-semana e fique com a lembrança inesquecível de, o quanto foi fantástico esta AVENTUROSA RECEITA!!!!!.

Filipe Ferreira














  • Fim de semana em Trás os Montes, aldeia de Limãos em Macedo de Cavaleiros.
  • Percurso Pedestre no Rio Sabor, descobrindo a sua biodiversidade, história e cultura (antigos fortes ou castelos da época da reconquista).
  • Percurso ao longo do Rio Azibo ( ponte romana, castelo,visita a umas termas de águas sulfurosas)
  • Dormida em Turismo Rural ( 2 noites ), incluindo pequeno almoço, um jantar de especialidades regionais , um almoço regional, guia especializado para os percursos pedestres.
  • Percurso Pedestre no Rio Sabor inédito, explorando zonas desconhecidas de rara beleza.


Ricardo : ecoturismo@amigosdomindelo.pt – tm. 960003132

Levar pic-nic para o almoço de sábado, 27 de Maio

Contacte para saber das possibilidades de oferecer ou “apanhar boleia” a partir de Vila do Conde ou outros locais.

A não esquecer:

- Calçado robusto e confortável
- Chapéu de sol e protector solar
- Vestuário prático e muda de roupa
- Água e piquenique leve (para sábado)
- Agasalho quente para o final da tarde
- Mochila pequena
- Impermeável em caso de chuva
- Binóculos e guias de campo
- Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à actividade em curso
- Fechar cancelas e portelos
- Respeitar a propriedade privada
_____________________________________________________________________________________
5 de Março




O concelho de Vila do Conde é ainda muito rural, caracterizando-se, nesta altura, por um verde alegre e repousante apenas interrompido de quando em vez por alguns aglomerados habitacionais, normalmente grandes e bonitas casas de lavoura ou por pequenas matas, que permitem a sobrevivência de alguma vida selvagem e conferem à paisagem um toque mais natural e menos humano. De vez em quando, o campo junta-se ao mar e essa união entre o verde intenso e o azul ondulante resulta numa beleza profunda e serena.

Percurso pedestre em Vila do Conde - dificuldade: baixa.

Distância: 8 km

Custos: não tem custos

Importante fazer inscrição: ecoturismo@amigosdomindelo.pttm. 960003132

Ponto de Encontro: Espaço Maratona (junto ao Clube Atlântico) - Mindelo - 10.30

Levar pic-nic para o almoço de domingo.

A não esquecer:

- Calçado robusto e confortável
- Chapéu de sol e protector solar
- Vestuário prático
- Água e piquenique leve (para sábado)
- Agasalho quente para o final da tarde
- Mochila pequena
- Impermeável em caso de chuva
- Binóculos e guias de campo
- Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à actividade em curso
- Fechar cancelas e portelos
- Respeitar a propriedade privada


NÃO ESQUEÇA - não deixe mais do que pégadas, não colha mais do que fotografias e não leve mais do que recordações.





Apoios:





_____________________________________________________________________________________




  • Fim de Semana em Resende, com dormida em Turismo Rural
  • Percurso pedestre em Resende – S. Cipriano - Dificuldade: Média/Elevada
  • Distância: 10 Km
  • Passeio em Mini-Bus pela Serra de Montemuro
  • Visita à “Ilustre Casa de Ramires”
  • Percurso Queirosiano: Casa da Torre da Lagariça, Mosteiro de Cárquere, Penedo de S. João, Feirão e Lagoa de D. João
Contactos: 960003132 / ecoturismo@amigosdomindelo.pt





  • Ponto de encontro: 28 de Janeiro, 10h30, em frente à Câmara Municipal de Resende


Apoios:


Comentário de um participante



JANEIRO, 2006-
PRIMEIRO ENCONTRO DO GRUPO “OS AMIGOS DO
MINDELO” do ano de 2006



INTRODUÇÃO.

Este encontro realizou-se nos dias 28 e 29 de Janeiro na vila de Resende.
Esta vila beirã, pertencente ao distrito de Viseu, situa-se na margem esquerda do rio Douro. É conhecida pelos seus doces típicos, as cavacas de Resende e pelas suas saborosas cerejas cuja feira anual se realiza no mês de Maio. É também uma terra de muita nobreza. Segundo relatos históricos, nasceu aqui D. EGAS MONIZ e, ao que se pensa o próprio D. AFONSO HENRIQUES, primeiro rei de PORTUGAL.
Aqui viveram também os condes de Resende, mais propriamente na quinta de Santa Olaia e cuja condessa, Sra. D. MARIA EMÍLIA PAMPLONA, casou com o ilustre escritor Português, JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS.


Sábado, 28 de Janeiro de 2006.

PERCURSO PEDESTRE POR TERRAS DO CONCELHO DE RESENDE.

O percurso foi marcado para as 10,30h junto à Câmara Municipal.
O grupo era constituído por cerca de vinte e seis pessoas, sendo duas ainda muito novas, a Matilde e a Inês, com apenas cerca de dois anos de idade, e por um guia, o Paulo, professor de história e jornalista, rapaz da terra, e por isso, conhecedor destes sítios, dos hábitos e das tradições dos seus habitantes.
À medida que uns e outros iam chegando, cumprimentavam-se e trocavam algumas palavras entre si ,ou falando do tempo que estava muito frio ou sobre o que nos traria este dia.
Estando todos reunidos, partimos de carro até ao local onde se iria iniciar o percurso, um sítio bem lá no alto, a caminho da serra. Parámos junto dum cruzamento onde uma placa assinalava “Ponte da Panchorrinha”.
Munidos de bons agasalhos e de máquina fotográfica para registar os lugares mais interessantes, de mochila às costas com a merenda, começámos a andar. Por caminhos estreitos e tortuosos ladeados por pequenos e rudes muros de pedra, por campos onde erva muito verde crescia, lá íamos nós, em fila indiana, seguindo uns atrás dos outros. Todo o cuidado era pouco para não escorregarmos. As pedras da calçada de tamanho irregular e húmidas, o gelo que se formava nos charcos de água abundante e até a lama, também tornavam o piso perigoso obrigando-nos a uma maior atenção e domínio corporal
As pequenas Matilde e Inês, encavalitadas nas costas dos seus pais, sempre bem dispostas e com as faces rosadas pelo frio que se fazia sentir, começavam assim a adquirir hábitos de vida saudáveis em contacto com a natureza.
Depois de termos percorrido alguns metros, encontrámos o primeiro ponto de interesse; um grande pilar de pedra datado de 1957, semelhante a um pelourinho, onde se podia ver no cimo, esculpida de uma forma tosca, a imagem de uma santa. Pelo que nos foi dito, este rude monumento foi esculpido e erguido em honra de “Stª Ufémia” (assim estava escrito), por um homem da terra chamado António Madureira, mineiro, escultor, bruxo, curandeiro, enfim, homem dos sete ofícios. Continuando chegámos à primeira aldeia, “São Lourenço de Panchorra”, que situada num ponto bem alto, nos oferecia uma bela paisagem: campos muito verdes, serras ao longe com os seus picos brancos cobertos de neve, aldeias lá no fundo, etc. Foi-nos dito que as terras desta aldeia outrora pertenceram aos monges jesuítas que habitaram no mosteiro de Santa Maria de Cárquere, ali bem perto, tendo sido mais tarde entregues à Universidade de Coimbra, aquando da sua expulsão de Portugal pelo Marquês de Pombal. Aqui, nesta aldeia, as casas muito rudes, feitas de pedra sobra pedra, não oferecem qualquer conforto aos seus moradores.
A certa altura, veio ao nosso encontro, por acaso, caminhando sobre uns grandes socos de pau, o Sr. Presidente da Junta. Muito simpático como é o costume destas gentes, veio mostrar-nos o que havia de interessante na sua terra. Chamou a nossa atenção para umas letras inscritas (V. D. E.), nas pedras das casas, que se pensa estarem relacionadas com a entrega dos bens desta aldeia à Universidade de Coimbra.
Também num pequeno largo rodeado por duas ou três casas, ergue-se um pilar de granito do séc. XVII que não se conhecendo a sua história soubemos apenas que hoje serve para prender os bois.
Continuando o nosso percurso, atingimos um ponto onde passa o rio Cabrum, atravessado por uma ponte de arco românico e cuja água abundante, límpida e fresca desliza cantarolando sob a ponte, por entre as pedras que constituem o seu leito, já muito polidas pela erosão. Aqui fizemos uma pausa para almoçar, e, usufruindo da beleza deste lugar, cada um procurava acomodar-se, sentando-se no chão, no sítio que mais lhe agradava. Ao som do marulhar destas águas cristalinas, revitalizámos o corpo comendo uma pequena refeição ambulante, da qual as variadas sandes, as frutas, alguns doces e a água fazem sempre parte da ementa. Depois desta pausa, lá fomos até à próxima aldeia, “Ovadas de Cima”. Aqui uns pastores que no campo apascentavam o seu rebanho, muito afáveis, iam-nos dando algumas informações sobre este local, e preocupados que nos perdêssemos, indicavam-nos o caminho a seguir. Começámos agora a descer até à aldeia Ovadas de Baixo. Depara-se-nos aqui uma outra ponte semelhante à anterior e conhecida pelo nome de ponte de Ovadas. Admirando sempre toda a paisagem envolvente, atravessámos para o outro lado chegando assim à aldeia das Covelinhas, freguesia de S. Cipriano. A partir daqui foi sempre a subir pela calçada, seguindo os mais resistentes à frente e outros, mais cansados, atrás.
O dia ia ficando mais curto, a noite aproximava-se e o frio era mais intenso. Para nossa alegria e surpresa, começou a nevar. Primeiro apenas alguns tímidos flocos brancos parecendo pétalas de flores vindas do céu, aumentando depois gradualmente a sua frequência e intensidade. Tudo ficou muito branco e diferente à nossa volta, os caminhos, os campos as árvores, etc. A natureza oferecia-nos toda esta beleza talvez, como forma de agradecimento por tanto a admirarmos e protegermos fazendo-nos esquecer o frio e esforço físico dispendido. Para terminar e continuando a subir, caminhando sobre a neve, aparece-nos a última aldeia do percurso – aldeia da Granja. Aqui encontrámos apenas duas pessoas que entabularam conversa connosco; uma mulher embrulhada na sua típica capa de burel e um homem, ainda novo, encostado ao seu cajado, era conhecido pelo nome de António das ovelhas. Tentando fazer negócio, perguntou se queríamos comprar um cabrito, pois muito orgulhoso da qualidade dos seus animais, alimentados apenas nos pastos, disse-nos ser o melhor fornecedor de cabritos daquela região. E assim chegámos ao ponto de onde tínhamos partido terminando esta pequena odisseia, felizes por termos conseguido vencer os obstáculos que a natureza nos oferecia e ao mesmo tempo, com o coração mais resistente, os pulmões mais arejados, os músculos tonificados, o espírito de grupo mais fortalecido e, como diziam os gregos, “alma sã em corpo são”.
Era tempo agora de nos dirigirmos para a quinta da Graça, em Anreade, um complexo turístico com actividade agrícola e em cuja casa ,”Casa fundo da aldeia”, ficámos alojados por uma noite. Sendo típica da região Duriense, foi restaurada e decorada com bom gosto e, segundo a tradição “Paço de Audiências” no século XV.
Situada num sítio bem alto, é uma verdadeira varanda sobre o vale do Douro, podendo daqui avistar-se uma paisagem única e deslumbrante.
Aqui chegados e em ambiente familiar, continuámos o nosso convívio, ao mesmo tempo que, junto da lareira e ao som do crepitar do lume nos aquecíamos até chegar a hora do jantar que estava marcado para um restaurante na serra da Gralheira. Seguimos em caravana para tal lugar, com água a crescer na boca pensando no cozido à Portuguesa que lá nos esperava.
À medida que nos dirigíamos para a serra, a neve que caía tornava-se cada vez mais densa, obrigando-nos a voltar para trás por se tornar perigoso prosseguir.
Foi uma pequena aventura, pois os carros, escorregando no gelo, deslizavam não querendo obedecer aos seus condutores que muito devagar e com todo o cuidado conseguiram vencer este pequeno incidente. Procurámos outro restaurante e com uns bons bifes de carne arouquesa, aconchegámos o estômago que já reclamava com fome.
A noite já era longa e o sono chegava pedindo uma noite descansada.


Domingo, 29 de Janeiro.

Manhã cultural queirosiana.


Depois de uma noite repousante e bem dormida e de um substancial pequeno almoço, partimos em busca de uma manhã cultural.
Sendo este grupo na sua maioria admirador do grande escritor português José Maria Eça de Queirós e estando nós bem perto de lugares por ele vividos e referenciados nos seus livros, fomos senti-lo e recordá-lo.
Eça de Queirós, nome pelo qual é mais conhecido na nossa literatura, nasceu na Póvoa de Varzim em 1845. Tendo sido educado pelos seus avós paternos, fez os seus primeiros estudos no Porto, no colégio da Lapa cujo director era Ramalho Ortigão de quem foi aluno e também amigo. Prosseguindo os seus estudos na Universidade de Coimbra, formou-se em Direito em 1866, fazendo apenas uma breve passagem pela advocacia. A sua maior ambição era seguir a carreira diplomática e esse sonho veio a realizar-se exercendo o cargo de cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e mais tarde em Paris.
Casou em 1886 com D. Emília de Castro Pamplona, irmã do conde de Resende, seu companheiro de viagem ao Oriente e também seu amigo.
Estreando-se como escritor na “Gazeta de Portugal”, com o folhetim “Prosas Bárbaras”, deixou-nos uma vasta obra da qual iremos destacar “A Ilustre Casa de Ramires”.
Famoso pela sua mestria na arte narrativa, utilizando uma linguagem rica, com sarcasmo e ironia, retratava muito bem o ambiente burguês que naquela época se vivia na sociedade portuguesa e que ele tão bem conhecia.
Faleceu em Paris em 1900, cidade onde passou grande parte da sua vida.
Dando então início à nossa viagem, num mini autocarro cedido pela Câmara Municipal de Resende e conduzido pelo motorista Sr. Modesto, dirigimo-nos em primeiro lugar às Caldas de Aregos, estância termal situada junto do rio Douro e cuja antiguidade remonta ao tempo dos romanos. Nesta pequena vila fizemos uma paragem para a olharmos e conhecermos, pois, além de ser conhecida pelas suas termas, é também rica em casas cuja arquitectura é inspirada no estilo brasileiro.
Continuando estrada fóra, subimos até ao penedo de S. João, um ponto muito elevado e panorâmico de onde se pode avistar, bem lá no fundo o rio Douro e ao longe serras que circundam toda esta região. É sabido que neste local existe um recinto megalítico ainda por explorar, uma zona castreja à qual Eça de Queirós faz referência nas suas cartas.
Daqui seguimos para um lugar muito esperado. Fomos visitar e conhecer a” Torre da Lagariça”,na freguesia da Mata, a qual integra um velho casarão que deu nome ao romance do Eça,”A Ilustre Casa de Ramires”.
O caseiro da quinta, que hoje pertence a familiares do fidalgo da Torre, amàvelmente abriu o portão que lhe dá acesso permitindo assim a nossa entrada.
Pelo caminho abaixo, até chegarmos à velha casa, íamos admirando todo o
ambiente envolvente, encantados com este lugar pela sua história.
Quando lá chegamos ,rodeámos a casa, os jardins, todos os espaços, e até imaginámos ali bem perto de nós, o fidalgo da Torre, D. Gonçalo Mendes Ramires.. Parecia que estava a espreitar por detrás da velha janela, admirado pela nossa curiosidade e ousadia, ouvindo até, nas escadas das traseiras onde um sol tímido nos aquecia, alguém ler algumas linhas do livro a esta casa dedicado. Era a Teresa, senhora das letras, com a voz bem colocada, alto e bom som nos lia: ”Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires ( que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila-Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo “Fidalgo da Torre”) trabalhava numa novela histórica,”A Torre de D. Ramires”,etc, etc….
Depois desta pequena homenagem ao Fidalgo da Torre, feita através de Eça de Queirós, rumámos a um lugar histórico ligado à fundação de Portugal, a Santa Maria de Cárquere. onde existe um mosteiro. Segundo dados históricos, este mosteiro pertenceu aos “Cónegos Regrantes” de Santo Agostinho também conhecidos por “Crúzios” por estarem ligados ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Em 1541 foi oferecido aos Jesuítas por D. João III tendo estes monges instalado aqui um hospício para tratar pessoas pobres .Mais tarde,(1578), por bula do Papa Gregório XIII, os seus bens ficaram subordinados ao colégio dos Jesuítas de Coimbra.
No ano de 1759, o Marquês de Pombal expulsou-os de Portugal e toda a riqueza que estava espalhada por várias localidades foi doada à Universidade de Coimbra
Sendo Cárquere um lugar cheio de lendas e tradições, conta-se que aqui, outrora, aconteceu um milagre, o qual, cronistas do século XVII são unânimes em afirmar e narrar.
A Rainha D. Teresa, filha do rei de Castela, deu à luz um filho, Afonso Henriques, que nasceu com as pernas aleijadas. Quando D. Egas Moniz viu a criança, teve pena da Rainha, tomou conta dela e criou-a confiando em Deus que lhe poderia dar saúde.
Estando D. Egas a dormir, apareceu-lhe em sonhos Nossa Senhora, a Virgem Maria, que o mandou a tal lugar onde cavando a terra encontraria uma igreja que noutro tempo foi começada em seu nome e também uma imagem sua.
Disse-lhe para levar o menino e colocá-lo sobre o altar para que ficasse curado das pernas, o que aconteceu, dando-se assim o milagre.
D. Egas agradeceu à Nossa Senhora por tão grande graça e por causa deste acontecimento foi construído nesta igreja o “Mosteiro de Santa Maria de Cárquere”
Há dúvidas sobre a veracidade deste milagre porque as crónicas que o narram foram escritas quatro ou cinco séculos depois do acontecido. Pensa-se que a narração do “milagre” se deve à imaginação dos monges do mosteiro para engrandecer a sua Ordem e atrair mais romeiros àquele lugar.
( Esta narração vem na crónica de D. Afonso Henriques, escrita por Duarte Galvão publicada e impressa em 1726).
Resumidamente, fica aqui um pouco da história deste lugar cujas festas e romarias se realizam periodicamente em honra de Santa Maria.
Estando assim terminada a nossa rota, dirigimo-nos para a quinta da Graça onde um bom almoço nos esperava
Almoçámos, convivemos, despedimo-nos até breve agradecendo também aos organizadores Ricardo e Sofia, pelo trabalho que tiveram, pela boa escolha dos locais que visitámos e pelos momentos de convívio que nos proporcionaram.


Maria José Fernandes Vasconcelos Machado